Aos
que creem nas adversidades da vida como um estopim para a ascensão humana, seja
profissional ou pessoal, vale a dica que escorre nas pequenas e curtas linhas
da vida – O céu é o limite. Assim como diriam pensadores como Luigi Arruda ou
Miguel De Cervantes:
“- O limite é o céu que nos cobre.”
Numa
das minhas pequenas e sorrateiras conversas com um curioso jovem nos meus dias
rotineiros, tive a oportunidade de avaliar suas breves palavras como uma forma
de reiterar pensamentos de outrem, dando uma substancialidade incomum ao
sentido mais que comum da realidade que nos cerca.
Qual
é o limite para aquele se vê como uma fronteira entre céu e inferno, coexistindo
com os tantos rachas da pista chamada vida¿ Até onde você iria para ser mais que
humano, dotando-se de poderes além da compreensão humana¿
Somos
todos feitos de carne, ossos, espirito e mente presentes num quebra-cabeça que
nos leva à recorrer aos caninos na laceração de nossas próprias bocas. Temos
negligenciado com indolência unânime o que está sob nossas cabeças.
Como
seres que respiram, temos sentado por cima de nossos rabos e apontado aos
berros a cor negra, amarela, parda e vermelha de nossos objetivos, mas nunca saímos
do lugar.
Vivemos
dias em que homens nascem para morrer tantas vezes que nem percebem que no fim
de suas metas foi ele mesmo quem traçou a própria derrota.
Fazer
planos cogitando a possibilidade de vencer na vida não vai te levar para fora
da massa branca que o segura na ponta de uma caneta por cima de uma folha. Afinal,
uma folha em branco até uma formiga atravessa na ausência de ideias produtivas.
Pois essa mesma continuará em branco se jamais houver a desistência daquilo que
o prende como um ser comum. Limitar os céus como forma de abono pela frustração
do que não se conseguiu ainda é o mesmo que enfrentar ‘O Inferno De Dante’ sem
uma bíblia debaixo dos braços. Viver e morrer é questão de um simples salto ao
precipício – Indolor, mas sentindo o vento te perseguir durante a queda.
Limites
e fronteiras só se fazem jus aos conseguintes títulos e nomes apenas se você ir
à luta e provar o sangue de sua própria batalha. Sem temer o desfrute de um
inimigo quando tu estais na lama, derrotado e fadigado pela repetência que o
faz exaurir em forças.
Loucos
rasgam dinheiro porque a vida é simples e banal demais. Eles estão no mais alto
patamar de prioridade da existência, pois sabem viver a loucura como ela é, não
fazem acepção alguma por ideais e vivem lentamente à espera de algo que
desconhecem.
Já
os homens “normais” guardam o dinheiro pensando em economias e nos benefícios
que pode lhe trazer nesse ato. A prioridade é zero em existência pois não
conhecem a loucura e sempre diferem sua condição na sociedade como forma clichê
e conivente em frente ao espelho jovial da ignorância que muitas vezes pensam
nem existir.
O
sucesso e o fracasso é uma questão de saber lidar não com as ferramentas que
surgem, mas sim lidar em harmonia com suas próprias mãos ao tocar os instrumentos.
Porque
se contentar apenas com o limite do céu se pode-se ir desde o fundo do mar ao
infinito do espaço?
Segundo
a mitologia grega, o mortal Ícaro recebeu de seu pai Dédalo (um grande inventor
grego da antiguidade) um par de asas de cera. Encantado com a possibilidade de
voar, Ícaro subiu tão alto com as asas que elas derreteram ao chegar muito
perto do sol. Ele morreu afogado caindo no mar Egeu. Sem base para o voo e muito
menos a preparação correta, ele só tinha sonhos, o sonho de voar. Um homem que
morre por conta de seu sonho perde parte de sua dignidade e sanidade mental aos
olhos da sociedade alienada em que vivemos. Nesse caso, ele não vive, mas sim
vegeta em terreno de solo ruim.
Quando
plantamos uma semente boa, nasce uma planta boa. Quando plantamos uma semente
ruim, nascerá uma planta ruim. E quando plantamos uma semente boa em terra
fértil e nasce algo ruim pode ser que o problema esteja nas mãos de quem
cultiva.
Limitar-se-á
aos longos encargos de sonho e perseverança que te torna mais humano e menos
animal. Assim terá uma vida plena e cheia de bons frutos. Seja real e não mais
um marionete da sociedade, preso em tabelas e gráficos que te levam a lugar
nenhum.
Voe
alto, mas voe para fora dos céus, onde não encontrará outros que também
partilham do seu mesmo sonho e seja livre na mais densa brisa de sua realidade –
Torne-se o homem que você confabulou durante as ondas infantes de sua meta e
viva na liberdade de seus próprios dias.
“O
céu é um limite inóspito meu caro. Pois existe muito mais além dele.”
Por Mauri Zeurgo |