quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Haicai Fúnebre

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"Homem nasce;
Vida mata;
Morte leva.."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A velha árvore de memórias (14/11/10)


 A velha árvore seca das memórias continua ali – Ininterrupta, firme e grandiosa.
A velha arvore seca das memórias segue com sua vida – Única, valiosa e natural.
A velha árvore seca das memórias prossegue em seu fluxo – Continuo, inacessível e rude.
A velha árvore seca das memórias vai-se com o tempo – Gigante, impagável e incorrupto;

Os galhos do velho tronco lenhoso de memórias guardam os sentidos e a direção certa.
Cada galho do grande e velho tronco lenhoso de memórias suporta o tempo com suas dores.
Galho a galho, continua ela secando e drenando ainda mais os sonhos, desejos e felicidades.
Quando os galhos se quebram, desaparece um sonho, um desejo e uma felicidade;

Ao chão, restam elas – as folhas secas que depositam a pequena esperança marrom.
Ao chão, estão elas – as folhas laranja, abóbora, marrom e cor de mel em toda sua alegria.
Ao chão, resistem elas – as folhas que sobem com um simples redemoinho ventoso.
Ao chão, separam-se elas – as folhas que somem em meio a mais e mais folhas;

As raízes dessa magnífica árvore ficam a espreita dos impasses e devaneios.
As raízes dessa majestosa árvore recolhem os sonhos que não deram certo.
As raízes dessa esplêndida árvore removem do solo os fracassos e infelicidades.
As raízes dessa única árvore velha de memórias suportam todos os versos agonizantes que gritam sempre:
 “A grande e velha árvore de memórias está morrendo e somente a voz que canta, a mão que escreve e a mente que pensa, poderão tornar a situação em algo bom.”

A árvore um dia lembrar-se-á de que fora a mente humana trabalhando em conjunto.
Os galhos firmarão contrato com as idéias e tomarão posse das boas e más lembranças.
As folhas precipitar-se-ão em colher as memórias e levá-las junto aos ventos.
Por sua vez, as raízes negar-se-ão sua existência, apenas em respeito às memórias falhas dessa velha e grande árvore intrépida de memórias...

Mauri Zeügo

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Somos putas também (14/10/2010)

O que mais encanta, fora extraído lá do fundo e veio como aquele antigo tiro que saiu pela culatra. Mas não foi plano algum, esperar a misericórdia encardida como roupa de verão chuvoso, faz rolarem as lágrimas.
Talvez, o grande aperto humano no peito é o resíduo e também o resultado da ação desumana dos ímpios. Aqueles que, por algum motivo deixaram de crer em suas crenças, preces e outros meios de vivência.  Perder a credibilidade após colher todos os frutos do dia-a-dia, faz-nos aquietar e tomar de vez a vergonha na cara, como fôssemos as “putas” de um bordel fétido, que vendem o corpo e resguardam a alma, por um pouquinho de dignidade.
O resultado desse mesmo fato comum tão “incomum” à mão que fere o interior do homem sem pudor, sem avisos prévios é a mesma frieza dos caprichos que plantamos a cada nova manhã. Enquanto o relógio não para com seus ponteiros e as horas correm incessantes, a parte “homem-mulher” que reside dentro de todos nós, foca nossas pequenas metas num curto texto sem pé e nem cabeça. Vão ditando regras, normas obsoletas, perfis sem nomes e marcam ainda, a solidão nossa.
Os tempos mudaram e a vida tornou-se um quadro pintado de cinza, em poucos segundos, as cores deram lugar para os intrépidos delineamentos da arte do mundo, a arte afogada que sempre apodrece o ser – A arte da vida vivida de forma inconstante.
Esse é o resultado e o preço a se pagar por ter pecado, machucar e ferir mortalmente a “felicidade” de um alguém sem cor, sabor ou que até mesmo, ficou assim por ter dado a vida por outra pessoa.

Mauri Zeügo

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O homem de terno preto (14/09/10)

A volta pra casa fora constante. Após a excitação ter sido calada pelas mãos do jovem amante, a jornada tinha se tornado tão silenciosa e arrebatadora. O silencio que havia tomado conta do corredor do grande metal em oito rodas, sublimava ainda mais a freqüência entre as gotas do sereno na Serra e o suor frio dos poucos daquela viagem. Um deles, só pensava em voltar e contar às poucas pessoas de confiança sobre a primeira e grande viagem de toda a sua vida, o outro só queria se livrar daquele estranho tormento. Aos poucos, a sintonia entre os dois era favorecida apenas pelo encosto dos assentos que situavam bem próximos um do outro. Morro abaixo e ambos continuavam na frieza do ser e com o bater incessante dos corações, querendo pular pela boca e se livrar daquele grande mal. Para muitos, aquele bater no peito não era o coração dizendo o quanto um amava o outro, mas sim dizendo: “Por favor, liberte-me!”. Ao longo do caminho, seguiam as idéias malucas, seguidas da ideologia urbana e comensurada daquele tempo em que o namoro era a meta. Esse foi o engano que afogou o grande rio das emoções infantes, os “moleques” já eram homens ou quase isso e pouco sabiam sobre a inquietude da palavra amor. O muito e o tudo que sabiam era sobre a vida de cada qual -  Um viver urbano e um viver de tal grau lôbrego que encantava aos muitos. Pelo vidro embaçado, via-se a solitude por entre a névoa branca e os poucos seres que sumiam por estrada adentro. Quando enfim, surgiu a noite limpa e os resquícios dissiparam-se, desciam os dois jovens com poucas palavras e atordoados pelo som do “vento uivante” que adentrou pelas janelas por toda a viagem.
Poderiam depois, lembrar-se do mar, do ar da Serra, da orla calma e de todas as coisas boas que viram juntos, mas como aquele amor estava por se acabar, a única lembrança na caixinha de memórias fora apenas o homem do terno preto, à espera de sua viagem num ponto distante e utópico. E o fato mais estranho entre tantos – “Nenhum dos dois lembraram-se de o porquê estarem lá e nem o porquê de se aventurarem juntos naquela viagem sem volta e que jamais lhes dariam respostas...”

Mauri Zeügo

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tão Distante (14/08/2010)

Tão distante, mas tão dentro de mim. Ficou difícil sanar a ferida que causou tamanha dor. A imensidão dos teus passos distantes na rua e o som da tua voz intercala sempre com o vazio deixado aqui dentro.
Os questionamentos inválidos derrubam sempre e sempre a falsa esperança de um dia você voltar, olhando em meus olhos e dizendo: "Voltei e quero você". Esse é ainda o "brilho opaco" que desencadeia os desejos de te falar hoje, sobre o que ainda sinto por você. Dia após dia, noite após noite penso e sonho com sua imagem enfraquecida aos redores, sumindo, distanciando-se, mas ainda assim, viva. Eu sei que algo não pode terminar assim. A distância entre o metal frio e concreto aquecidos pela grande onda de calor emitida por meus olhos, de tanto fixar na imagem tua em qualquer ponto, mostraram o quão grandioso e importante você fora pra mim. Faltam-me risos nessa hora, quando então percebo a primeira lágrima rolando... A primeira dentre tantas, mas a primeira depois de um ano todo.
Acreditei não sentir mais nada e jurei jamais procurar teus olhos novamente, mas o lado de cá se tornou insuportável por conta da indiferença tua e da minha própria arrogância. Muitos me procuram, tantos outros me desejam, uma boa parcela deles me odeiam, pelo mesmo fato que hoje essas entrelinhas levam-me até você.
Nesse exato momento, o mundo dos outros gira muito mais e melhor que o meu. O sistema planetário da comédia e da miséria humana gira sempre contra o relógio e leva minhas horas sempre... Meu canto de paz e sossêgo tornaram-se o berro estendido por dias e noites. Tudo está parado agora - o céu, as nuvens, as árvores e o meu coração também. A pior coisa entre tantos outros fatos é exatamente essa - Meus dias dependem mais de mim do que de ti, mas preciso ter-te por mais três minutos agora, para saber que nosso poema se acabou e isso já durou toda uma eternidade. Preciso voar sozinho...então, liberte-me!

Mauri Zeügo

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Bloco de notas II (14/07/10)


Enquanto estava a dar a primeira mordida em meu lanche, vi-me numa dúvida cruel: "O que me traz a esse teu bloco de notas novamente?"
Não pelo fato de eu ainda pensar em você, mas sim porque existem fatos sem sentido e sem respostas. A obviedade da situação triturou o reboque oco das paredes de minha memória, abriu-se então aquele buraco de questionamentos e perguntas sem respostas. Seguindo o instinto, estaríamos estacionando novamente na mesma calçada ou banco de praça, seguindo o coração, estaríamos fadados ao engano utópico de nossas próprias emoções esguias e superficiais. Fomos caprichosos demais e o que invade à mim hoje, é aquela emoção dos primeiros dias que pra ti, foram mais importantes em anos, fora o maior acontecimento de toda a sua vida. Acreditamos num espaço só nosso e tão somente "nosso" à ponto de largarmos tudo de mão e pularmos no mesmo poço. O grande e maior problema, foi o momento em que larguei suas mãos e preferi que você caísse sozinho, me segurei nos meus ideais malucos, escondi-me em minha fortaleza e fiquei rodeado com meu escudo e meu mundo girou em torno daquilo que você me dizia sempre: "Seu jeito estranho vai acabar com você. Abra-se ao mundo e viverá mais". Talvez o erro tenha sido esse. Mas, o que passou, passou e não volta mais. A regra do "aceite" só era válida aos que entendiam meu mundo e não somente o mundo em que vivem aqueles fadados a urbanidade mundana em que você vivia.
Meu lanche acabou esfriando e essa dúvida ainda está aqui: "Se sabias o que aconteceria comigo, cedo ou tarde, porque voltou?"

Mauri Zeügo

Flores de fevereiro (14/05/2010)


“Vento bate,
Flores caem,
Vento leva”

Mauri Zeügo

Alcance

No abismo tumultuoso dos sentimentos, ele mergulha diariamente, seu coração se debate entre as ondas revoltas de uma paixão impossível. A me...