terça-feira, 10 de dezembro de 2019

“A Morte Do Pequeno Príncipe – A Fuga Dos Sonhos”

Na fuga dos sonhos, ousei tentar...

Tentei erguer-me como um gigante entre os homens, aspirando a ser uma luz radiante na vida de tantos outros que, de mim, apenas extraíram o sangue, o suor e a carne dilacerada. Infelizmente, minha alma tomou um rumo etéreo, um destino desconhecido que eu mal conseguia vislumbrar.

Não fossem as verdades que meus olhos foram forçados a encarar, eu estaria perdido. Tantos me feriram, roubaram-me a bravura e a chama que um dia ardia dentro de mim, apenas para erguerem sobre meus escombros o estandarte da vitória em meu reino de ilusões.

Somos tão pequenos, às vezes esquecemos até mesmo das areias que nos trouxeram até aqui. Dentro de nós, enxames de sentimentos tóxicos zumbem, alimentando-se de nossas próprias fraquezas.

Inveja, orgulho, ciúme... são como demônios que nos habitam, exigindo constantemente nossa atenção e energia para serem saciados.

Entregar nossa própria essência aos mesmos que zombam de nós, que sugam nossas forças e consomem nossos espíritos, transforma cada dia em um tumulto astral. O juízo sobre nossa própria existência é algo que só nós podemos praticar.

Cansado de contemplar a lua à distância, prefiro agora empreender uma jornada astral para forjar meu próprio destino lá no alto.

Onde está a beleza da vida aqui, nas maquinações malignas daqueles que julgam, ferem, impõem e apressam?

Cansei, minha mente exauriu-se, e me percebo como um pedaço desajeitado de madeira que já não se encaixa mais na engrenagem humana.

Assim, aos poucos, me desvanecerei sem que percebam, de forma solitária, febril e sombria. Meu leito será o mesmo campo em que nasci, e as flores ocultarão meu túmulo, meu corpo enfraquecido pela inveja alheia e pelos sussurros noturnos – as vozes maliciosas que perpetuamente ferem os incautos.

Quanto ao amor, o que posso dizer senão que é uma dor avassaladora? Amar, ser traído, trair e ser amado, tudo parte das vicissitudes que Deus impõe em nosso sombrio caminho. Enquanto amamos, caminhamos sobre espinhos disfarçados de rosas, na tentativa de fugir à dura realidade.

O que resta de mim é um coração diminuto, dilacerado e abandonado. O medo me arrasta para o abismo.

Assim, declaro a morte do Pequeno Príncipe. Um menino honesto e sonhador que ocultou em seu sorriso suas maiores angústias e tristezas.

Aos que me feriram, já foram perdoados; meus sonhos se diluíram em lágrimas, meus desejos se exauriram no último suspiro, minha felicidade retornou à caixinha de memórias no canto escuro da sala, e meu último beijo permanecerá como uma lembrança eterna e solitária...

Por Mauri Zeurgo (11\12\2019 - 00:30)





segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Ao meu pai, com amor... (13/08/2019)

Ao meu pai, com amor

“... Que nesse longo caminho a saudade perpetue e finque nos solos de nossos corações aquela bandeira de alegria que um dia você meu pai, lançou sobre todos nós;

Na realidade mais que solvente, que dilacera nossa alma de tanta dor propensa ao abismo, vemos sua partida como um chamado de Deus, mesmo que tenhamos nem acreditado, sabemos que a dor agora é nossa e apenas nossa;

Sabe-se que a saudade de lá é a mesma de cá e que tudo não passa de uma brincadeira do tempo enfim – Ele quem decide a hora certa de estarmos juntos novamente;

Com amor, declaro toda a minha admiração e respeito ao senhor, que junto de minha amada mãe me deram a vida;

Sinto saudade daquele teu cheiro de graxa, das suas botas de mecânico entrando pela casa e sujando todo o chão, enquanto minha mãe reclamava e você ria e ainda fazia piadas;

Sentimos vontade de te ter aqui de volta, borrando os copos com as mãos lavadas de óleo de carro, assoviando alto pelos cantos e numa afinação que era somente tua, fazia até mesmo os próprios passarinhos se enganarem, pensando ser mais um do bando deles;

Ah meu pai, quanta saudade deixou nesse mundinho que não lhe cabia mais – tantos amigos, compadres e comadres, filhos e filhas, netos e netas, irmãos e irmãs, nossa mãe, euzinho... Seu Maurizinho que tanto acordava pela manhã, puxando meus dedos dos pés pela cabeceira da cama... Só pra fazer graça;

Tanta saudade meu pai e tanto deixei de lhe mostrar e demonstrar para maiores orgulhos;

Ensinou-me muito e eu, o que lhe demonstrei se nem tive o tempo certo ao seu lado...

Saiba meu pai, enquanto essa saudade existir, sua imagem será lembrança eterna em meu coração e sempre que eu puder, irei assobiar o mais afinado possível para estar ao seu lado, mesmo que na distância etérea na qual Deus nos colocou desde a sua partida.

Sendo ainda breve, lembro que adorava meus bolos, mesmo que ficassem ruins, mas sei que aprovava (rsrsrs)...

E agora é chegada a hora de cessar, fico por aqui nesse ínterim vicioso que é falar de meu amor e da saudade que sinto de ti meu pai.

Olhe por todos nós ai de cima e manda um assobio lá do alto, mas daqueles bem afinados...!


Com amor, seu filho Mauri (Poxoxó do papai)

Por Màuri Zeurgo (13/08/2019)



quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Enxame

"Súbita a morte que logo vem de cima a baixo, rompendo as correntes de liberdade do ser. Somos assim elevados à leveza do mundo, escarnecendo a face, deixando ossos pré-moldados sob a concepção híbrida da pele nossa."

Dizem que as maiores dores das pessoas está na hora da partida, na angústia da saudade, no desespero das piores aflições, mas o fato irregular e inconsciente é a troca de valores entre corpo e alma, coração e mente. Obstáculos que o homem, enquanto sóbrio, desconhece e se afasta enquanto perde-se-à fora da realidade utópica que o trouxe ao mundo;

Deveras místico, obsoleto, fantasmagórico e surreal são os interins de todo o momento. Seja triste, feliz, apático, empático, rude, contraditório e até mesmo senil. O que há para entender dentro desse atender de emoções cíclicas e redundantes, se o puro prazer de ser é apenas vivenciar feito enxame de abelhas por cima das flores mais doces;

Desceremos um dia então, lenta e calmamente por essas horas, degrau a degrau, embainhando nossas lâminas forjadas no metal mais pobre e enferrujado que se chama amor;

Onde está Eros, Afrodite, Freya ou o próprio Cupido, se o amor não vos fala mais?
Como decorrente de tantas falácias, somos culpados por carregar muito em nossos peitos, corações e mentes;

Tantas emoções, tantos corações e feições e tu tens que se apegar apenas ao meu. A vida de fato é injusta e dura, mas enquanto templários, detentores da armadura e da espada, somos unos e preferimos ficar ao lado da emoção e não dá razão. O mesmo que o atrai até meus braços é a razão continua de eu estar aqui, declarando tal ponto de vista, oscilando entre razões e emoções e deleitando seus olhos na escrita rude, áspera e nada acadêmica;

Dentre tantos corpos no universo, apenas o meu tem sido celeste em sua galáxia de suores, lágrimas, sorrisos e tato. Mas lembre sempre que antes mesmo do meu primeiro suspirar, existiu dentro de ti a razão de ser anjo;

Voe anjo, voe larga e longamente aos céus, inteirando-se às nuvens que à ti pertence por hoje e por toda a eternidade enquanto lembrar de mim...


Por Màuri Zeurgo

Alcance

No abismo tumultuoso dos sentimentos, ele mergulha diariamente, seu coração se debate entre as ondas revoltas de uma paixão impossível. A me...