domingo, 21 de agosto de 2011

“Entre Amigos – Mauri Zeürgo”


“O que encobre a transgressão adquire amor, mas o que traz o assunto à baila separa os grandes amigos.”
Provérbios 17:9
A veracidade de um sorriso contínuo, a felicidade na face daquele que retorna e o bom grado daquele que recebe o quase já desaparecido que surge feito mágica, são todos fatos consumados das ironias do destino, que mesmo com a partida de bens tão queridos, ficam sempre as lembranças, as piadas, os versos e a vontade de vê-los novamente e o anseio de dizer tudo aquilo que não fomos capazes. Mas, na ausência crua daqueles que partiram, soam os sinos da memória - a lasca de madeira que ronda os ramos mais firmes e as folhagens mais verdes de uma vida toda, deixando pra trás os grandes e os pequenos, os velhos e os jovens, os adultos e as crianças, os putos e as putas, as pequenas e grandes formigas que conquistamos com todo o doce do nosso mais puro açúcar e na nossa mais tênue doçura.
Milhares de pessoas chegam às nossas vidas e deixam apenas um rastro de sua breve presença, mas, poucas são aquelas que deixam-nos as grandes marcas e o maior vazio que ecoa enquanto houver a saudade.
Assim, a vida ensina, mata, fere, logra, torna-nos ímpios, céticos, egoístas e ao mesmo tempo, torna-nos mais humanos e sensíveis a causa. Uma dor é sempre uma dor, porém, enquanto existir o sentimento puro e verdadeiro, sempre existirá o martírio verdadeiro e sincero daqueles que por aqui ficam.
Tratar com saudosismo a ausência de um outrem com um grande nome é o mesmo que manter a essência viva da mesma pessoa querida que se fora para um Melhor Plano e ainda hoje, viaja e vem até nós para manter-nos ligados uns aos outros, forçando aquele laço imune da amizade, deixando-o mais gostoso, vivo e imbatível.
Do lado de lá, enxergar-se-á os resquícios em memória de uma grande mulher - O saltitar de emoção ao citar seu nome, a delicadeza da vaidade simples, o pranto sincero ao derramar a primeira lágrima, a atenção de outrem ao redor e o imbatível escudo das grandes damas de ferro e dos cavalheiros de ouro, que surgem para acalentar, sugerir, questionar, animar e nunca, mas nunca deixar a “grande peteca da vida” cair.
Perder um alguém é ficar sem chão, ver o mesmo sol que brilhava tanto, ao longo de dias e dias ir perdendo sua luz, sumindo... Sumindo, até desaparecer por completo, restando apenas os inúmeros adjetivos e incansáveis elogios que descreviam uma pessoa tão querida.
A mesa da lembrança, o fio da vida, e a última imagem fora o objeto a qual se apegaram e se esqueceram de um único fato “viril e funcional” – Estar-se-à ao lado dos grandes amigos enquanto houver a memória, a lembrança e o desejo de encontrarmo-nos num novo amanhecer...

Mauri Zeürgo (21/08/2011 – 14:00)



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