A sensualidade minha fora resultado dos apelos teus. Sou o nada que num simples toque, se transformou em tudo. Meus desejos por ti foram os melhores e mais insanos, mais profanos e mais angelicais também. Como as quinze velas de um ritual todo nosso, fui luz em sua vida e também escuridão. Nossa trama sexual deve-se a invasão daquele sentimento que nos enganou – a paixão ardente. O mesmo sentimento tornou-nos escravos do prazer do corpo, enquanto a alma adormecia nos campos Elíseos na companhia das Graças, das Horas, das Ninfas e dos Sátiros. Esse pequeno e ao mesmo tempo grandioso grupo de seres mundanos, deu-nos o livre arbítrio em troca da alma nossa. Alimentamo-nos da energia vital um do outro, roubamos sonhos e sonos, apenas para dar força a succubi de anjos-demônios que atormentam nossas vidas e nossos planos celestiais também.
Fui um ser detentor de uma sedutora beleza, portador da voz mais bela e do canto, que mesmo sem entonação, tornou-se único e invejável. Eu o atraí até minhas asas de morcego, drenando suas energias, sugando seu sangue, escarnecendo sua carne, pois tu foras tão tolo e fraco, tornando-se fácil e frágil demais, isso facilitou meu acesso aos dias teus. Saiba homem, presas fáceis não são dignas de pena e muito menos do amor meu. Durante anos, procurou apenas o que queria e não aquilo que o fazia se sentir bem, por isso, tornou-se um ser sujo em um mundo infiel.
Meu perfume exalar-se-á por todo um deserto que é seu quarto nesse momento e somente isso será a minha presença pra ti. Pois, nesse agora, você é aquele homem perdido nas idéias sem compreensão e sujeito a outros demônios, mas não outro como eu fui em sua vida. Dei-te amor, calor, o melhor sexo com carinho, a melhor transpiração, os melhores beijos molhados e o melhor em mim: Eu o deixei me tocar, sendo meu homem, minha barreira contra os impuros, meu porto-seguro e a grande muralha que me escondia do mundo sujo. Sinto ainda o soluçar teu, causado pelas lágrimas cristalinas do dia em que ameacei sair pela “porta”.
Ah, aquele momento me alimentou tanto e tanto que fui obrigado a ficar ali, para hoje poder dizer o quanto você errou ao implorar que eu ficasse mais. Saiba meu caro homem, não se pede nada a um demônio e muito menos ao Inccubus que planeja sensualizar, excitando aos prazeres dos sentidos e respirando lentamente ao apelo visual todo nosso.
O que quero? Nada vindo de você, pois nunca fora assunto nos meus dias. O que sinto? Pena de um alguém, que se dizia sábio demais, mas, a esperteza tua é desse mundo e nesse mesmo, encontram-se muitos outros loucos, sábios, profetas e filósofos que tendem sempre à mesma falência dos sentidos, assassinando a alma e jogando no lixo os anos de conhecimento e sabedoria. O que terá de mim? Lembre-se que de ti, levei sua alma, aprisionei seu espírito, lavei seus olhos com meu sangue, usei seu corpo, assim como tentou comigo – ato falho. Oh pobre homem, terás de mim, apenas a dor na lembrança, acarretada de angústias, febres intermináveis e um enorme peso na consciência, ao se lembrar que um dia, deitou-se ao lado de um anjo-demônio a qual não fora compatível e muito menos se esforçou para mostrar seu verdadeiro amor.
Sou esse, aquele, o sujo, limpo, o seco, molhado, tudo e nada. Sou o eco que ecoa pelo vazio, sempre dizendo: “Succubae, Succuba, Succubus, Inccubus...O amor cria anjos e demônios.”
- Verdadeiros sábios, são aqueles que nunca mentem e jamais se deixam levar pela vida fácil e lasciva.
Mauri Zeurgo (12/Agosto/2011 – 14:00)
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