sexta-feira, 21 de julho de 2017

Liturgia Humana – Ato III

A Entrega Ao Amor Eros -

Ao se falar de humanidade, somos apenas um corpo nu praticando sexo total, completo e libidinoso sob a luz neon das estrelas. E assim seguimos acreditando sermos a pausa complementar entre um soluçar e outro, gerindo a vontade de ressurgir como a fênix que morre nas chamas e renasce das cinzas mais forte, densa, vigorosa e viril.
Enquanto humanos andrógenos, pecadores e alternos, somos apenas porcos de uma vara herege e sugadora de desejos. Sendo assim, esperamos o momento oportunista e tentador da entrega.
Ato falho esse que se deve ao calor momentâneo pelos territórios baixos que nos dominam e nos deixam cegos e fora de si.
A realidade vem à tona no atual momento pois estamos despidos e somos ícones agora da centelha da vida. Somos formigas lançadas num monte de areia em meio ao alto mar, abandonados pela imensidão do oceano e assim perdemo-nos na luxúria irritante e prazerosa do corpo. Nossos olhos aos céus são nossos faróis erógenos que nos guiam ao fim sempre e também não.
E quanto a nossa humanidade, estamos longe de sermos simplesmente assim – ossos, carne, suor, lágrimas e gemidos sustenidos de emoção e prazer. Afinal, somos simplesmente anjos e esses mesmos não falam, não sofrem, não amam, não sorriem e muito menos se alinham, mas sabem sentir como nenhum outro ser. Sentimos calados a dor de outrem e nossa própria dor ilusória e recorrente da ilusão, da distância, do medo e da perda.
Assim somos nós, anjos falhos e sem lógica ou razão. Adentramos pelas janelas enigmáticas do espaço e nos refugiamos anos-luz da realidade incisiva, precoce e insinuante ao qual somos reféns num simples abraço, beijo e toque.
Fomos aprisionados à algo maravilhoso e útil aos sentimentos, afinal somos anjos, deuses, heróis, príncipes e animais pausando nossos relógios para a continuidade exata e correta que pertence à nós, tão somente à nós. Isso facilitaria muito nossa existência se nos entregássemos infinitas vezes ao amor Eros de forma única, simples e natural. Enfim, anjos existem, bons ou maus e estão em todos os lugares, mas poucos tomam por coragem de abandonar a sua humanidade e nos encarar frente-a-frente e dizer Eu Te Amo!

Por Màuri Zeurgo


Um comentário:

  1. Lindamente tentador. Me apaixonei pelas palavras e consigo sentir seu suspiro à distância.

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