sábado, 9 de julho de 2011

Sina de um Determinista (14/08/2011)

Os dias que se passaram, realmente não voltam mais ou da mesma forma. Porém, voltam esses com maior teor e emoção, com aquilo que sentimos e que sempre merece ser resgatado – O tempo que destrói e afasta, mas também une e constrói paixões ainda mais voluptuosas e cheias de desejo insano, profano, mundano, profundo e sincero.
Negligenciar e ou negar a existência de outrem a preço injusto é a real balela. As falas verbalizadas e ditas de forma verdadeira e constante são o pequeno ouro daqueles que ainda primam por serem únicos e leais à vida simples e fora da grande boca do lixo – o mundo lascivo.
Sentir pena de si mesmo é covardia dos tolos, dos injustos, daqueles que fingem o flagelo do corpo para tapear as feridas da alma. Todos nós temos anseios, desejos, neuras e maluquices, mas, quando tudo isso se torna visível aos olhos, as pessoas temem pelo desconhecido,  fogem e não querem ser mais encontradas.
A hora de rezar é essa, pois os pequenos fantasmas de nossas vidas surgem aqui e ali, feito um manifesto impiedoso de emoções raras e que nos remetem as lembranças da esquizofrenia nossa, feito um ligamento poderoso, desdobra nossa mente cheia de inquietações e dá-nos a realidade de forma distorcida, complementando sempre a existência encardida e vazia.
 Quanto ao desejo, ao toque, ao pranto e às angústias da espera, talvez devêssemos guardá-los todos na nossa caixinha secreta das nossas psicoses mundanas – Deixando sempre os delírios e as provocações contra a alma, diante desse impiedoso trono soberano que altera os contatos com a realidade nossa.
Quando as palavras se colocarem em prantos, sente-se ao lado delas e chore junto. Deixe que as lágrimas de ambos percorram rio abaixo, o mesmo rio que lava o corpo e purifica a alma.
Sentir-se-á vazio sempre, enquanto houver a dúvida em seus lábios e enquanto isso perdurar, nenhum desejo será igual aos de antes e toda essa incompletude tua só se perderá no tempo se manteres essa venda negra sob seus olhos, essa mesma que censura a real face da mão amiga, essa venda negra que recebe a foice que engana, fere, envenena e mata. Essa tarja negra rotulada como indecisão pelos que temem a verdade e que temem também à realidade crua e simples em que vivo, será apenas o começo do seu fim, se continuares dando “asas” aos que somente o vê como objeto de desejo voltado apenas ao sexo vazio, frio, irrustido e temperamental.
Tantos mosaicos existenciais concluem a vida de um homem e a sua se perde com somente aquele que menos importa a mim ou a qualquer outra pessoa comum e simples – O mosaico feito roda dos prazeres. Esse mesmo que só nos rouba o bom e nunca delata os infratores, deixando-nos sem atitude alguma e levando da gente a pouca dignidade que ainda resta.
Se assim quiseres, serei Ícaro insano, alçando vôos tão altos a ponto de completar a jornada, rumo ao sol escaldante e morrendo afogado antes do último prazer. Se quiseres, serei você, sendo Sísifo, levando a maior pedra rumo ao cume da mais alta montanha, fazendo-me penar por cada pecado prazeroso enquanto a mesma pedra desce rolando para que haja mais dor e sofrimento. Podendo assim, auxiliá-lo nas encostas da vida com suas grandes pedras e aliviando a cascas de suas grandes feridas que maltrataram tanto e tanto o coração teu.
Um nome é sempre um nome, porém, quando carregado de sentimentos profundos e verdadeiros será sempre lembrado. O mais difícil não é carregar uma grande pedra grafada com ele ou cortar a carne para extrair o nome do corpo, pois existem fatos mais dolorosos de lidar. A dificuldade maior está na extração das memórias e das lembranças, pois é lá onde meu nome se encontra nesse momento – silencioso, distante, enamorado pelo eco vazio e desvanecido pelas estradas sombrias e divergentes da existência crua, como um descarne profundo e agradável feito um sono injusto e ao mesmo tempo, atormentador.
Nesse momento, com as bênçãos da deusa Aurora, que faz brilhar as manhãs e com o consentimento dos atos nossos, somos levados inconscientemente ao dia do acordo final e como um sonho único e duradouro ouve-se Morpheu “– Façam dos meus sonhos os teus e vivam eternamente ao lado de quem realmente os ama, dando valor à sinceridade e ao amor mútuo. Vá acompanhado das Horas e das Graças que regem os atos puros, o tempo e a vida transviada que percorre na veia e no ego maltrapilho que reside em tua alma.”
Enquanto houver a dificuldade em lidar com sua própria língua determinista, deve-se afastar do mundo, aprendendo a dizer desculpas as almas, corpos e mentes afetadas pelo egoísmo.
Só assim, poderá carregar quantos nomes conseguir nas costas, feito a pedra de Sísifo, o mundo de Atlas, o drama de Electra e tantas outras sinas....

Mauri Zeurgo


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