Ao passar do tempo notamos a vida feito um grandioso teatro
de máscaras – Sorrisos, lágrimas, gritos, sussurros, o medo e a coragem . Nessa
pausa pela vida, recebemos como prêmio o gracejo comum dos arlequins e as lágrimas
constantes de mais um palhaço triste num circo sem graça, onde o seu número não
constante jamais evolui dentre mil risos.
Tiramos dele a vida enquanto ele nos dá um motivo pra sorrir
e viver. Uma troca injusta aos olhos do mundo, porém, necessária na
profundidade do ego humano.
De um festejo de carnaval ao picadeiro de um circo, tomamos
a forma de um comediante mascarado, de um circense animado, de um ator cômico e
até mesmo do próprio palhacinho melancólico, mas por dentro continuamos nós
mesmos, com nossas vantagens inseguras, vontades nunca saciadas, com nossas
cores que desbotam, com nosso brilho que se opaca e com nossa vida que se vai
ao toque dos sinos e ao cortar da grande foice da verdade.
Viver e nunca se opor aos custeios nessa grade de marionetes
humanos e animais, seria o mesmo que se auto-flagelar dentro de uma cruz de
vidro atrás da porta da igreja. Ao fim de tudo somos apenas a madeira dos
bonecos, servindo ao criador e ao mestre dos brinquedos da forma como viemos ao
mundo. – Secos, trincados, exonerados de nosso cargo humano para convir com
aquilo que nos submete ao anseios da sociedade e que nos forma um borrão num
quadro de nanquim feito pelas mãos de um artista qualquer, sem fantasias, sem
maquiagens e sem máscaras.
Na veracidade dessa contração motora, encontramo-nos ali, no
fundo do salão de arte, embebidos da tinta fresca, em tons de azul anil, branco
alvo, amarelo ouro e verde da nação a qual pertencemos, a nacionalidade que nos
veste as roupas velhas e as máscaras da vida é a mesma que nos torna parte de
uma cultura rica e ao mesmo tempo inútil, levando-nos a aceitação do título de
Reis Momos desse castelo de pedra cinza a qual damos o nome de cidade – a morada
de todos nós.
Por trás das máscaras da vida, esvaiam-se nossos olhares
chorosos ao fim do espetáculo e com a partida do palhaço que sufocado com a
serpentina em fim de carnaval e ao ouvir o sorriso nosso, descia ele no lago
fúnebre, aos aplausos da platéia e assim, acabava mais um ato de bravura na sua
última partida, em seu último adeus.
Mauri Zeurgo
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