domingo, 15 de fevereiro de 2015

Coração Sem Luz – Máscaras Da Vida (14.03.2015)

Ao passar do tempo notamos a vida feito um grandioso teatro de máscaras – Sorrisos, lágrimas, gritos, sussurros, o medo e a coragem . Nessa pausa pela vida, recebemos como prêmio o gracejo comum dos arlequins e as lágrimas constantes de mais um palhaço triste num circo sem graça, onde o seu número não constante jamais evolui dentre mil risos.
Tiramos dele a vida enquanto ele nos dá um motivo pra sorrir e viver. Uma troca injusta aos olhos do mundo, porém, necessária na profundidade do ego humano.
De um festejo de carnaval ao picadeiro de um circo, tomamos a forma de um comediante mascarado, de um circense animado, de um ator cômico e até mesmo do próprio palhacinho melancólico, mas por dentro continuamos nós mesmos, com nossas vantagens inseguras, vontades nunca saciadas, com nossas cores que desbotam, com nosso brilho que se opaca e com nossa vida que se vai ao toque dos sinos e ao cortar da grande foice da verdade.
Viver e nunca se opor aos custeios nessa grade de marionetes humanos e animais, seria o mesmo que se auto-flagelar dentro de uma cruz de vidro atrás da porta da igreja. Ao fim de tudo somos apenas a madeira dos bonecos, servindo ao criador e ao mestre dos brinquedos da forma como viemos ao mundo. – Secos, trincados, exonerados de nosso cargo humano para convir com aquilo que nos submete ao anseios da sociedade e que nos forma um borrão num quadro de nanquim feito pelas mãos de um artista qualquer, sem fantasias, sem maquiagens e sem máscaras.
Na veracidade dessa contração motora, encontramo-nos ali, no fundo do salão de arte, embebidos da tinta fresca, em tons de azul anil, branco alvo, amarelo ouro e verde da nação a qual pertencemos, a nacionalidade que nos veste as roupas velhas e as máscaras da vida é a mesma que nos torna parte de uma cultura rica e ao mesmo tempo inútil, levando-nos a aceitação do título de Reis Momos desse castelo de pedra cinza a qual damos o nome de cidade – a morada de todos nós.
Por trás das máscaras da vida, esvaiam-se nossos olhares chorosos ao fim do espetáculo e com a partida do palhaço que sufocado com a serpentina em fim de carnaval e ao ouvir o sorriso nosso, descia ele no lago fúnebre, aos aplausos da platéia e assim, acabava mais um ato de bravura na sua última partida, em seu último adeus.


Mauri Zeurgo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alcance

No abismo tumultuoso dos sentimentos, ele mergulha diariamente, seu coração se debate entre as ondas revoltas de uma paixão impossível. A me...