É mais um dia como qualquer outro que a vida nos proporciona,
uma chuva verticalizada, imponente e majestosa cai entre os prédios dessa
grande metrópole de pedra, fria, gélida, ruidosa e turbulenta, escoando por
entre suas ruas e avenidas, cortando-a como veias e vias viajam pelo corpo
humano, levando vida a quem precise dela.
Pessoas cruzam a grande selva cinza de pedra e cimento que
denotam e memorizam as cinzas dos finados seres pálidos e que povoam suas
calçadas e sem ao menos notar quem ou o que está a sua volta, ignorando por
completo as sombras daqueles que ali transitam de um lado a outro, regidos por
um constante “ziguezague” em que suas
formas e linhas vão dando forma alternadas entre si a ângulos salientes numa
sinuosidade perfeita e complexa.
Enquanto os olhares se cruzam tão rapidamente, mal há tempo
de saber ou definir qual a cor real
daqueles tão lindos olhos e nem o formato de tão belas faces. Esbarrões
acontecem a todo o momento e a pressa pela busca de um objetivo ainda não
definido tira de cena um simples pedido de desculpas.
A verticalização dessa floresta opaca e sem vida aparente, revive
a idéia de uma jaula de emoções na qual estamos todos presos a ela. Nas
peripécias da malícia comensurada e proporcional aos sentidos, estão os bons
modos e a cada maneira breve de se mostrar interessado ao intelecto apreensivo
dos desejos, e para isso, dependerá da forma como cada um se vê e de como
enxerga-se o outro.
A verdadeira explosão da busca incansável e ao mesmo tempo
obsoleta pela deidade etérea e racional, está acoplada aos olhares atentos de
todos os passantes das ruas e vielas desse inferno unilateral onde vivemos e
vivenciamos a falta do caráter humano e com a falta do verdadeiro amor.
E nesse ínterim, encontram-se os amantes da verdade, os
apaixonados da praça que vêem atentos a cada um de seus passos, olhares,
respiros, palavras e sussurros. Os amantes jovens que buscam e anseiam pelas
carícias um do outro, que passeiam calmamente dentre os leões e hienas
verticalizados e alienados pela sociedade. Esses amantes que são donos de tudo,
das árvores, das pontes, dos rios, do céu, do sol e da única e intrínseca vontade
de serem deles mesmos, deixando de lado as crueldades, as ilusões e a falta de
caráter dos bandidos de terno e gravata que roubam a cena com mentiras e
enganações.
Dentre tantas sombras nesse inferno cinzento de buscas e
esbarrões, existe o verdadeiro sentimento que luta pela sobrevivência com
tantos nomes e sobrenomes – Sejam eles Parnasium, Parnassum, Parnasus,
Paradisum, Paradise, Paraíso, tanto faz – Pois tantos títulos e independente
deles ou não, ambos os amantes vivem em busca da longevidade amorosa e única,
não buscam rótulos e sabem que o único caminho que os levará rumo ao paraíso de
Venus está aos olhos não de Eros, mas sim de Deus e poderão viver o amor, puro,
leve, verdadeiro e seguirem com seus “Gradus ad Parnasium” ou passos rumo ao
paraíso de pedra apenas deles, tão somente deles...
By: Francis Souza & Mauri Zeurgo
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