Por trás do veludo em felpos escarlates e a
espera de um refúgio diante a escuridão, ali está ele – Doce e silencioso, em
tons alvos e delineados pela doçura e leveza em que a vida o esculpiu e o
transformara em um diamante de peso silencioso, assim como uma pluma que se
lança sob o algodão feito de nuvens nimbos, dotada de uma brancura infinita e
de um valor tão encarnado no peito que nem mesmo o mais belo tesouro poderia
comprar e nem alcançar.
À espreita da escuridão encontra-se o refúgio teu
e no mais profundo canal cardíaco das emoções viris, submete-se aos desejos do
grande gigante vermelho que apresenta-nos a vida em forma das batidas de seus
tambores, assim como os badalos dos sinos que regem as missas e até mesmo como
a fumaça que escolhe um novo líder religioso.
Por longas horas vivera ele ali, fingindo a
invencibilidade e sempre forjando a inquebrável cúpula ungida de uma força
tamanha que emanara por eternos minutos e sofríveis segundos apenas para a sua
proteção. Escudando-se dos grandiosos medos da vida e dos problemas maiores que
ao longo do caminho cruzaram seus passos.
Ao decorrer de um inóspito relógio e de carrascos
ponteiros, viver-se-á a loucura de um dia único em sua vida. Nem mesmo as mais
belas notas musicais nas canções inebriantes e ao mesmo tempo frágeis, trarão
de volta o sorriso de um novo nascimento daquele que há muito tempo optara por
se enredar na grande teia da vida, na qual o veneno amargo da viúva negra dos
séculos o fará dormir por eternos sonos.
Sua liberdade é chegada e como um raio de luz sob
o cortejo fúnebre de uma inquietante opera da alma e diante o trono daquele
único Imperador dos tempos escoasse o sangue em líquido rubro e quente para que
seja aos olhos noturnos o momento do fim.
Os batimentos aumentam conforme a inquietude da
imensa “via corpuris” que libera o medo e a réstia animal, embocando ainda mais
a corrente férrea feita de roseira que corta os seus medos, penetrando a carne
e fazendo assim despejar na caldeira de ossos desumanos o nosso resto de
pureza. Nesse momento, a chance de vingança na grande roda que nunca para se
apresenta com tamanha maestria e crueldade.
O terror se desenvolve com a perda de fé e o
horror de dá início e novamente perde-se pela luz e sua fuga se queima perante
a história. Uma alma atormentada, traída pelas páginas de seu próprio ato
teatral - “En garde, attendre le bon moment pour attaquer et aller pour ce
tunnel de la victoire!”
Anseio saber onde está a salvação, onde está à
liberdade e o desejo de aplaudir mais uma vez esse coração de luz que nos leva
pelos caminhos incertos nessa relva de assentos senis e sádicos.
E quanto
aos olhares que poluem a imagem do mais belo contexto, mostrando-nos que somos
a parte podre da humanidade que se vende facilmente e por tão pouco nessa
guerra de luxúria e prazer somos designados aos pés do pecado, servindo, amando
e morrendo por falta de amor.
Depois de tanto lutar, voltamos aqui, nesse
buraco escuro e fundo chamado de ralo do universo e até mesmo de palco das
emoções, perdidos em mais um ato inesperado de ilusões - Decepções estas que de
tanto sonharmos, morremos um pouco mais a cada dia;
Cansados de sofrer e sem resultados plausíveis,
desejamos desaparecer mundo a fora e jamais ser encontrados, numa viagem
obscura, obsoleta e infinita, assim como uma bela canção de luz, uma fria opera
da alma e numa só poesia – Seca, triste e sem sentimento;
Fazendo-nos assim habitar um coração sem luz e
distante do brilho do sol, do anil dos céus e até mesmo das batidas do coração.
O mesmo que se encontra nesse momento inerte, sem vida e apenas com um pulsar
lento, assim como os uivos de um lobo numa noite de ventos e assobios
infelizes...
Por Mauri Zeurgo
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