terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O homem de terno preto (14/09/10)

A volta pra casa fora constante. Após a excitação ter sido calada pelas mãos do jovem amante, a jornada tinha se tornado tão silenciosa e arrebatadora. O silencio que havia tomado conta do corredor do grande metal em oito rodas, sublimava ainda mais a freqüência entre as gotas do sereno na Serra e o suor frio dos poucos daquela viagem. Um deles, só pensava em voltar e contar às poucas pessoas de confiança sobre a primeira e grande viagem de toda a sua vida, o outro só queria se livrar daquele estranho tormento. Aos poucos, a sintonia entre os dois era favorecida apenas pelo encosto dos assentos que situavam bem próximos um do outro. Morro abaixo e ambos continuavam na frieza do ser e com o bater incessante dos corações, querendo pular pela boca e se livrar daquele grande mal. Para muitos, aquele bater no peito não era o coração dizendo o quanto um amava o outro, mas sim dizendo: “Por favor, liberte-me!”. Ao longo do caminho, seguiam as idéias malucas, seguidas da ideologia urbana e comensurada daquele tempo em que o namoro era a meta. Esse foi o engano que afogou o grande rio das emoções infantes, os “moleques” já eram homens ou quase isso e pouco sabiam sobre a inquietude da palavra amor. O muito e o tudo que sabiam era sobre a vida de cada qual -  Um viver urbano e um viver de tal grau lôbrego que encantava aos muitos. Pelo vidro embaçado, via-se a solitude por entre a névoa branca e os poucos seres que sumiam por estrada adentro. Quando enfim, surgiu a noite limpa e os resquícios dissiparam-se, desciam os dois jovens com poucas palavras e atordoados pelo som do “vento uivante” que adentrou pelas janelas por toda a viagem.
Poderiam depois, lembrar-se do mar, do ar da Serra, da orla calma e de todas as coisas boas que viram juntos, mas como aquele amor estava por se acabar, a única lembrança na caixinha de memórias fora apenas o homem do terno preto, à espera de sua viagem num ponto distante e utópico. E o fato mais estranho entre tantos – “Nenhum dos dois lembraram-se de o porquê estarem lá e nem o porquê de se aventurarem juntos naquela viagem sem volta e que jamais lhes dariam respostas...”

Mauri Zeügo

2 comentários:

  1. Iguaria incomum assim, nunca se encontra pela internet. Me add e a gente bate um papo.


    Lucas - Espirito Santo (Lucaspspr34@hotmail.com)

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  2. Maravilhoso, Mauri.
    Somos do Centro Espírita Kardecista e entendemos sua mensagem. Talvez, deva se deparar com um de novos especialista e profissionais espíritas. Assim, poderemos ajudar-te a aflorar ainda mais esse talento mediúnico.

    Centro Espírita Kardecista - Rio de Janeiro.

    Norma & Felipe

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