domingo, 31 de março de 2024

Domingo de Páscoa

A Páscoa: Um Domingo de Ressurreição ou de Falsas Promessas?

Nos confins do calendário, aguarda-nos um dia peculiar: o Domingo de Páscoa. Uma data marcada por tradições, reuniões familiares e, supostamente, por uma celebração do amor e da ressurreição. Contudo, em meio aos cânticos alegres e à profusão de ovos coloridos, esconde-se uma sombra insidiosa: a falta de amor disfarçada por um único dia de hipocrisia.

É notório como muitos usam este domingo como um mero teatro, uma encenação cuidadosamente ensaiada para ocultar a verdadeira natureza de seus relacionamentos. Anos de indiferença, de palavras não ditas e gestos frios são momentaneamente eclipsados por um sorriso forçado e um abraço protocolar. É como se, num passe de mágica efêmero, a ressurreição do amor fosse invocada, apenas para ser enterrada novamente na segunda-feira.

A Páscoa, que deveria ser uma celebração de renascimento e redenção, muitas vezes torna-se um lembrete cruel das relações desgastadas e dos laços enfraquecidos pelo tempo. É um paradoxo doloroso testemunhar como um único dia de pausa no ano é capaz de despertar a ilusão de afeto onde apenas o vazio persiste. Como se a troca de chocolates e sorrisos pudesse preencher os abismos de anos de negligência emocional.

É urgente confrontar essa farsa insustentável. A verdadeira ressurreição do amor não está contida em um único dia festivo, mas sim nas pequenas ações diárias, no cuidado mútuo, na empatia constante e na comunicação genuína. A Páscoa deveria servir não como um verniz superficial sobre relacionamentos deteriorados, mas como um chamado à reflexão profunda e à transformação verdadeira.

Que neste Domingo de Páscoa possamos nos despir das máscaras sociais e confrontar a realidade de nossos relacionamentos. Que possamos dedicar-nos não apenas a representar o amor, mas a cultivá-lo genuinamente em nossas vidas diárias. Pois só assim poderemos verdadeiramente ressuscitar o amor, não como uma ilusão efêmera, mas como uma realidade duradoura e significativa em nossas vidas.

Por Màuri Zeurgo


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